quarta-feira, 11 de agosto de 2010

A Av. Senhor dos Passos de ontem..

Ela bem que tentou resistir às intempéries do passar do tempo, mas não conseguiu. Fica a gostosa lembrança da Av. Senhor dos Passos do meu tempo.

domingo, 8 de agosto de 2010

Professor Antônio Garcia

Dedicado aos amigos do blog Santanópolis: santanopolis.zip.net

Mesmo entre intelectuais, o nome do Prof. Antônio Augusto da Silva Garcia, é pouco conhecido, ligado apenas à Folha do Norte ou ainda ao nome da Micareta que ele defendeu em lugar de Micareme como queriam outros.
Mas o Professor Antônio Garcia, como ficara conhecido, nascido em 13 de junho de 1870, foi muito mais que um grande etimologista e gramático; foi um dos homens mais cultos da época. Apesar da origem pobre, estudou no Colégio Carneiro Ribeiro, fez os primeiros anos da faculdade de medicina, sua grande vocação, mas por absoluta falta de recursos teve que se contentar com o magistério, profissão que exerceu em Salvador, Ilhéus e Feira de Santana. Aqui foi professor dos maiores e melhores estabelecimentos da época: Escola Normal e Ginásio Santanópolis.
Fundador das revistas “Renascença” e “A Luva” ao lado de Severo dos Anjos, revelou-se no jornalismo o polemista competente e o poeta clássico. Em Feira de Santana fez parte do primeiro quadro de professores da Escola Normal. Não foi só por vocação, mas por absoluta falta de recursos teve que se contentar com o magistério, profissão que exerceu em Salvador, Ilhéus e Feira de Santana. Aqui foi professor dos maiores e melhores estabelecimentos da época: Escola Normal e Ginásio Santanópolis.
Fundador das revistas “Renascença” e “A Luva” ao lado de Severo dos Anjos, revelou-se no jornalismo o polemista competente e o poeta clássico. Em Feira de Santana fez parte do primeiro quadro de professores da Escola Normal Rural de Feira de Santana e no Ginásio Santanópolis ensinou até 1943, poucos meses antes do seu falecimento em 12 de janeiro de 1944. Casado duas vezes, do primeiro matrimônio deixou 4 filhos. Do segundo, nenhum filho.
A grande virtude daquele mestre, em todos os setores que atuou, foi a humildade e a modéstia. Na Folha do Norte, onde foi o Redator enquanto vivo, raramente publicava uma das suas belas poesias. As polêmicas culturais que sustentava, fazia em nome do jornal. A Aloísio Resende, o querido Zinho Faúla, ele ensinou desde a métrica e a rima das poesias até os segredos do rítimo e do adjetivamento e qualificação de substantivos. Aloísio foi um diamante bruto que o Mestre Antônio Garcia lapidou e a Folha do Norte abriu espaço para a sua projeção.
Um dia os grandes pesquisadores da História da Feira como Adilson Simas colocarão o nome do grande Mestre Antônio Garcia no lugar de destaque que bem cabe na história da cultura feirense.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Lucas da Feira - Um bandido como tantos...

Muito se tem escrito sobre Lucas da Feira, um bandido que entrou na história do crime porque era escravo e os escravos costumavam fugir para os quilombos, nunca para roubar, e também eram raros os latrocínios, principalmente em Cidades do Interior, e Lucas foi um latrocida cruel, em uma época plena de paz. O seu enforcamento contribuiu definitivamente para sua entrada nos anais da história. Afinal foi o primeiro latrocida a ser condenado, em Feira de Santana, a morte, por enforcamento.
Ainda menino, oitenta anos após seu enforcamento, minha bisavó contava a história de Lucas e ajuntava o seu famoso ABC, feito por algum Cordelista da época, cujas estrofes das duas primeiras letras nunca me esqueci, porque era com elas que eu, quando criança, argumentava o nascimento de Lucas em São Gonçalo e não em Feira: Adeus Saco do Limão/ Terra onde nasci/ Vou preso para a Bahia/ Levo Saudades de ti (b) Bem me diziam meus sócios/ Que eu mudasse de condição/ Que Cazumbá, por dinheiro/ Fazia pintura do cão. Saco do Limão era uma fazenda pertencente a São Gonçalo dos Campos.
Mas o motivo que me faz relembrar a história de Lucas Evangelista dos Santos, o Lucas da Feira, é a versão de pessoas que desconhecem o processo que deu origem às investigações dos crimes cometidos por Lucas. Alguns, encantados com filmes americanos de Rob Hood, chegam ao absurdo de afirmar que Lucas roubava dos ricos para dar aos pobres, que lutava pela causa da abolição, que era o defensor dos escravos, que era socialista, que fora muito maltratado pelos seus senhores (o último foi um padre) e um monte de qualidades boas que ele nunca teve. No julgamento de Lucas o Conselho de Sentença reconheceu entre outros crimes como estupro, assalto a mão armada, etc., três latrocínios. Não me recordo dos nomes das vítimas, mas lembro-me que um era comerciante, outro lavrador e o terceiro esqueci. Nos três casos ele matou as vítimas para roubar. Existiram outras mortes e muitos roubos de pessoas pobres e ignorantes que nunca foram relatados por medo de represália.
Nas diversas bibliotecas de Feira deve haver o livro “Lucas da Feira” de autoria do Dr. Inocêncio Marques, onde o autor apresenta todas as fases dos Inquéritos Policial e Judicial, até Final Sentença, quando foi condenado ao enforcamento em praça pública. A sentença foi cumprida em 1849 e o local escolhido foi entre duas seculares gameleiras que existiam onde hoje está o jardim da Praça do Nordestino. A Cruz, que marcava o local da sua morte, ficava em frente do local onde hoje está a Casa do Pão. Ao enforcamento compareceu todo o povo de Feira e, segundo ouvi dos mais velhos, compareceu, ao lado das autoridades, a Banda de Música. Sem dúvida para dar o tom solene do ato.
Quem quiser fazer apologia ao crime, tenha-o como herói, defensor dos pobres, abolicionista, socialista etc.. Para mim, é o que foi: assaltante, estuprador, ladrão, criminoso bárbaro e latrocida perverso.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Acontecimentos de hoje, folclore de amanhã

Quando a gente convive por alguns anos com o pessoal da roça, vê e ouve muitas coisas que algum dia estará fazendo parte do folclore brasileiro.
Vivi quinze anos em uma fazenda, junto ao povoado do Spínola que contava com uns trezentos habitantes. Nesse período vi muita coisa interessante, e algumas vezes tive que intervir.
Lembro-me quando tivemos aquela epidemia de cólera que atingiu toda a Bahia, o Ministério da Saúde investiu muito em publicidade sobre o tratamento de água para beber pois era a principal via transmissão da doença. Então conversei com o pessoal e encontrei uma casa que tinha um rádio e já estava prevenida contra a doença e me afirmou a água que a gente bebe eu frevo e frito. Frevo eu entendi que ela fervia mais fritar água? ... Então perguntei como ela, D.Ni, fritava a água, e ela prontamente me respondeu apontando para um filtro de cerâmica novo: aqui é o frito.
O homem mais velho do povoado, Salviano, contava tudo sobre a história do Coronel Horácio de Matos, e contava com orgulho como o Coronel deu uma surra no seu pai, expulsou-o de casa e foi morar por algum tempo com a sua mãe. Sabia de tudo que se passou nos últimos 80 anos, inclusive conhecera a mãe do Coronel Antonio de Souza Benta e o local onde residiam, na Fazenda Laranjeira onde ainda existe o alicerce da casa, daquele que foi o mais valente coronel de Morro do Chapéu.
Residia, no povoado da Canabrava, 3 quilômetros distantes do Spínola, um fazendeiro tão mesquinho que no dia que matava uma preá, mandava a mulher botar no fogo para cozer um quarto da minúscula caça para o almoço.
Um dia chegou ele em minha casa para pedir-me o favor de descontar no salário de um trabalhador meu, o valor de uma semana de trabalho. Impedido por lei de tal procedimento, mandei chamar o trabalhador Miguel, acusado do calote, e este me relatou que realmente tomara o dinheiro de uma semana de trabalho, na época, para o seu casamento, realizado 40 anos atrás, e desde então o homem lhe cobrava porem ele não tinha condições de pagar e não iria pagar. O velho credor ainda procurou a polícia e o delegado informou que mesmo que ele provasse o débito este já estaria prescrito
Quem viaja para Ipirá, na entrada da rua tem uma boate com letreiros em destaque: BOATE DIA E NOITE. Não sei como funciona, mas lá está o convite.
Já que estamos falando de coisas para o folclore, vale lembrar o anuncio de uma barbearia em Ibititá, que até hoje deve estar na margem da estrada: BARBEARIA UNISSEX.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

A Visita de Castelo Branco a Feira de Santana


Visita do Marechal Castelo Branco a Feira de Santana. Acervo do autor.