sexta-feira, 30 de agosto de 2013

RECORDANDO...

Vamos continuar recordando de algumas coisas daquela época; por exemplo: na Igreja Matriz, atual Catedral, tinha um sino grande que anunciava falecimento de pessoas através de diferentes badaladas para homens, mulheres e crianças; também com badaladas especiais fazia a primeira, segunda e terceira chamadas para a missa. Existia também um relógio na torre que além de mostrar as horas, batia automaticamente todas as horas, a cada 30 minutos, e era ouvido até na praça do comércio. Todos acertavam seus relógios pelo da Matriz. Os “enterros”, (sepultamentos), como se chamava na época, começavam com o velório na residência do falecido e não necessitava de convites, mesmo porque não havia órgãos de comunicação, mas todos tomavam conhecimento não só pelas badaladas do sino como pelos comentários de boca em boca.. Não era muito usada a palavra faleceu ou morreu; dizia-se: SE FINOU. Na hora aprazada o cortejo saía comandado por um padre e um sacristão, este carregando a santa cruz, seguidos pelo “urneiro” (homem que carregava uma urna em sua cabeça e que a depositava no chão para a troca dos que carregavam o caixão), seguidos pelo caixão funerário e o povo que acompanhava o féretro até o cemitério Piedade (construído em 1855) – antes os sepultamentos eram feitos nas igrejas, inclusive dos bandidos como Lucas e outros. É importante lembrar que os caixões funerários tinham cores específicas para os falecidos: se adulto, casado ou solteiro, a cor do caixão era roxo; se moça virgem o caixão era branco e se criança, era azul. Na época contava-se uma piada que relatava o diálogo entre o irmão da falecida e o fabricante do caixão, onde este perguntava qual a cor do caixão, explicando os detalhes. O irmão, depois de pensar um pouco respondeu: faça um caixão branco... mas ponha umas florzinhas rochas por cima. Quando apareceram os doces enlatados, os maridos apelidaram-no de “doce de mulher preguiçosa”. Bom, eram os doces feitos em casa. Toda mulher sabia costurar, cozinhar e fazer doces, embora tivesse empregadas para tudo. Daí dar-se o nome da profissão das senhoras não formadas “De Prendas Domésticas”. Existia Escola de Corte e Costura que ao fim do curso eram conferidos diplomas, com direito a Beca, colação de grau e festa. Quando uma pessoa zombava de outra, dizia-se que fulano está fazendo arrelia de cicrano. Cabelo curto era uso das pessoas da classe alta. As demais classes, independente de idade, usavam cabelos compridos. Uma mulher só usava uma calça, mesmo assim coberta por um vestido comprido, quando montava a cavalo (em selim de banda) para uma viagem. Toda mulher quando se produzia, o principal era um broche no vestido, além dos anéis, voltas de ouro etc.. Sapato de salto alto só era permitido a partir dos 15 anos, oportunidade em que dançava a valsa do debute com o pai. Lembro-me de ver minha avó Naná fazendo renda em uma almofada e muitos bilros. Aprendera com sua mãe, minha bisavó Totonha que era costureira, especializada em camisas para homens e roupas para meninos. E os maiôs? Depois eu conto. Brilhantina e vaselina, e,posteriormente, Glostora, eram usados para manter os cabelos assentados no couro cabeludo. Rapaz que se prezava andava com um espelhinho oval e um pente no bolso.O pessoal da roça usava vaselina para substituir a brilhantina, baba de babosa e pó de juá para lavar os cabelos. Para o banho era usado o sabão Aristolino e sabonete lifeboy; as pessoas mais pobres usavam o sabão de coco, sabão massa e até sabão preto, este feito em casa com sebo, soda cáustica etc..Não existiam cabeleireiros para mulheres. Existiam algumas mulheres que cortavam os cabelos de senhoras em domicílio. Embora existissem muitas barbearias, os homens cortavam suas próprias barbas com navalhas que aprendiam a maneja desde rapazinhos. Eu mesmo me barbeei com navalha até l944, já Marinheiro Nacional. Não existia o que hoje se chama de maquiagem. O que existia era o ruge em pequenas latas e com uma (punça) pequena que coloria um pouco as faces, pó de arroz, batom e sobrancelhas bem discretamente depiladas. A mulher que se maquiava demais era considerada de procedimento suspeito. As senhoras usavam vestido muito abaixo do joelho, e as moças, um pouco mais curto, porem nunca acima do joelho. As tabaroas substituíam o ruge por papel crepom vermelho úmido, e o pó de arroz era substituído pela cal das paredes. Mesmo depois da década de trinta, até 1950, as normalistas usavam saia azul marinho abaixo do joelho, meias compridas e blusas, de tricoline, brancas, sem transparecer o sutiã. Nas roupas comuns as moças usavam anágua sob os vestidos, e as senhoras usavam a combinação que também cobria o califom. Os espartilhos eram raros, porem ainda usados. Também se usava nas meias os atilhos

domingo, 4 de agosto de 2013

MAIS RECORDAÇÕES DOS VELHOS TEMPOS

Vamos continuar recordando de algumas coisas daquela época; por exemplo: na Igreja Matriz, atual Catedral, tinha um sino grande que anunciava falecimento de pessoas através de diferentes badaladas para homens, mulheres e crianças; também com badaladas especiais fazia a primeira, segunda e terceira chamadas para a missa. Existia também um relógio na torre que além de mostrar as horas, batia automaticamente todas as horas, a cada 30 minutos, e era ouvido até na praça do comércio. Todos acertavam seus relógios pelo da Matriz. Os “enterros”, (sepultamentos), como se chamava na época, começavam com o velório na residência do falecido e não necessitava de convites, mesmo porque não havia órgãos de comunicação, mas todos tomavam conhecimento não só pelas badaladas do sino como pelos comentários de boca em boca.. Não era muito usada a palavra faleceu ou morreu; dizia-se: SE FINOU. Na hora aprazada o cortejo saía comandado por um padre e um sacristão, este carregando a santa cruz, seguidos pelo “urneiro” (homem que carregava uma urna em sua cabeça e que a depositava no chão para a troca dos que carregavam o caixão, seguidos pelo caixão funerário e o povo que acompanhava o féretro até o cemitério Piedade (construído em 1855) – antes os sepultamentos eram feitos nas igrejas, inclusive dos bandidos como Lucas e outros. É importante lembrar que os caixões funerários tinham cores específicas para os falecidos: se adulto, casado ou solteiro, a cor do caixão era roxo; se moça virgem o caixão era branco e se criança, era azul. Na época contava-se uma piada que relatava o diálogo entre o irmão da falecida e o fabricante do caixão, onde este perguntava qual a cor do caixão, explicando os detalhes. O irmão, depois de pensar um pouco respondeu: faça um caixão branco... mas ponha umas florzinhas roxas por cima. Quando apareceram os doces enlatados, os maridos apelidaram-no de “doce de mulher preguiçosa”. Bom, eram os doces feitos em casa. Toda mulher sabia costurar, cozinhar e fazer doces, embora tivesse empregadas para tudo. Daí dar-se o nome da profissão das senhoras não formadas “De Prendas Domésticas”. Existia Escola de Corte e Costura que ao fim do curso eram conferidos diplomas, com direito a Beca, colação de grau e festa. Quando uma pessoa zombava de outra, dizia-se que fulano está fazendo arrelia de sicrano. Cabelo curto, entre mulheres, era uso das pessoas da classe alta. As demais classes, independente de idade, usavam cabelos compridos. Uma mulher só usava uma calça, mesmo assim coberta por um vestido comprido, quando montava a cavalo (em selim de banda) para uma viagem. Toda mulher quando se produzia, o principal era um broche no vestido, além dos anéis, voltas de ouro etc.. Sapato de salto alto só era permitido a partir dos 15 anos, oportunidade em que dançava a valsa do debute com o pai. Lembro-me de ver minha avó Naná fazendo renda em uma almofada e muitos bilros. Aprendera com sua mãe, minha bisavó Totonha que era costureira, especializada em camisas para homens e roupas para meninos. E os maiôs? Depois eu conto. Brilhantina e vaselina, e,posteriormente, Glostora, eram usados para manter os cabelos assentados no couro cabeludo. Rapaz que se prezava andava com um espelhinho oval e um pente no bolso.O pessoal da roça usava vaselina para substituir a brilhantina, baba de babosa e pó de juá para lavar os cabelos. Para o banho era usado o sabão Aristolino e sabonete lifeboy; as pessoas mais pobres usavam o sabão de coco, sabão massa e até sabão preto, este feito em casa com sebo, soda cáustica etc..Não existiam cabeleireiros para mulheres. Existiam algumas mulheres que cortavam os cabelos de senhoras em domicílio. Embora existissem muitas barbearias, os homens cortavam suas próprias barbas com navalhas que aprendiam a maneja desde rapazinhos. Eu mesmo me barbeei com navalha até l944, já Marinheiro Nacional. Não existia o que hoje se chama de maquiagem. O que existia era o ruge em pequenas latas e com uma (punça) pequena que coloria um pouco as faces, pó de arroz, batom e sobrancelhas bem discretamente depiladas. A mulher que se maquiava demais era considerada de procedimento suspeito. As senhoras usavam vestido muito abaixo do joelho, e as moças, um pouco mais curto, porem nunca acima do joelho. As tabaroas substituíam o ruge por papel crepom vermelho úmido, e o pó de arroz era substituído pela cal das paredes. Mesmo depois da década de trinta, até 1950, as normalistas usavam saia azul marinho abaixo do joelho, meias compridas e blusas, de tricoline, brancas, sem transparecer o sutiã. Nas roupas comuns as moças usavam anágua sob os vestidos, e as senhoras usavam a combinação que também cobria o califom. Os espartilhos eram raros, porem ainda usados. Também se usava nas meias os atilhos.