Uma  lembrança que tenho hoje,  é dos costumes de quando comecei a entender
alguma coisa; o primeiro ensinamento, antes de papai e mamãe, era “tomar a
benção” aos mais velhos e beijar-lhes as mãos. Em 1997, no Povoado do Espínola,
município de Barra do Mendes,em  um dia
de sexta-feira da paixão, vi um rapaz de quase trinta anos (Valdo), ajoelhar-se
na frente do padrinho (Salviano), de mãos postas, dizer: Louvado seja nosso
senhor Jesus Cristo, benção meu padrinho; e o velho respondeu “Deus seja
Louvado e lhe abençoe”. Era assim no século XIX em Feira. Mas em 1926 já fui
educado pedindo a benção de todas as pessoas idosas, independentes de serem
parentes ou não, apenas estendendo a mão direita.
          Os idosos tinham o costume de pegar na ponta
do “pinto” da criança, com dois dedos, e levar ao nariz, dizendo me dá o pó;
naquela época se usava muito tomar rapé (fumo de corda  torrado, moído e com perfume) e o
nome era pó. O interessante é que o vaso de guardar o pó, se chamava binga.
Também o pinto era  chamado, entre muitos
nomes, o de binga. Daí a brincadeira dos velhos.
         A escolha dos padrinhos era feita
antes de a criança nascer e eram escolhidos entre os melhores amigos, até
porque os padrinhos eram tidos com segundos pais. O número de padrinhos era de
cinco: 2 de batismo, uma de representação, outra de consagração e outro (a)
para Crisma.
        Era quase uma obrigação dos Padrinhos
dar um “trocado” para o afilhado quando, casual ou premeditadamente, este o
encontrava e corria para pedir a bênção. Quando o padrinho era pobre, os
afilhados se limitavam a pedir a benção somente se o encontrasse por acaso.
       Os
pais e os padrinhos eram compadres e tinham um grande e mútuo respeito. Até os
compadres sem batismo, feitos apenas “pulando” uma fogueira de São João ou São
Pedro, tinham quase a mesma consideração.
       Entretanto, quando um rapaz ia “pular” uma
fogueira com uma moça, quando muito amigos, nunca se concretizava porque os rapaz
sempre dizia: “São João disse, e São Pedro assina – você é minha comadre... da
cintura pra cima...” acabava em risos e brincadeiras juninas.
 
 
 
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