sexta-feira, 5 de abril de 2013

NOVO TRECHO - COSTUMES





        Uma  lembrança que tenho hoje,  é dos costumes de quando comecei a entender alguma coisa; o primeiro ensinamento, antes de papai e mamãe, era “tomar a benção” aos mais velhos e beijar-lhes as mãos. Em 1997, no Povoado do Espínola, município de Barra do Mendes,em  um dia de sexta-feira da paixão, vi um rapaz de quase trinta anos (Valdo), ajoelhar-se na frente do padrinho (Salviano), de mãos postas, dizer: Louvado seja nosso senhor Jesus Cristo, benção meu padrinho; e o velho respondeu “Deus seja Louvado e lhe abençoe”. Era assim no século XIX em Feira. Mas em 1926 já fui educado pedindo a benção de todas as pessoas idosas, independentes de serem parentes ou não, apenas estendendo a mão direita.
          Os idosos tinham o costume de pegar na ponta do “pinto” da criança, com dois dedos, e levar ao nariz, dizendo me dá o pó; naquela época se usava muito tomar rapé (fumo de corda  torrado, moído e com perfume) e o nome era pó. O interessante é que o vaso de guardar o pó, se chamava binga. Também o pinto era  chamado, entre muitos nomes, o de binga. Daí a brincadeira dos velhos.
         A escolha dos padrinhos era feita antes de a criança nascer e eram escolhidos entre os melhores amigos, até porque os padrinhos eram tidos com segundos pais. O número de padrinhos era de cinco: 2 de batismo, uma de representação, outra de consagração e outro (a) para Crisma.
        Era quase uma obrigação dos Padrinhos dar um “trocado” para o afilhado quando, casual ou premeditadamente, este o encontrava e corria para pedir a bênção. Quando o padrinho era pobre, os afilhados se limitavam a pedir a benção somente se o encontrasse por acaso.
       Os pais e os padrinhos eram compadres e tinham um grande e mútuo respeito. Até os compadres sem batismo, feitos apenas “pulando” uma fogueira de São João ou São Pedro, tinham quase a mesma consideração.
       Entretanto, quando um rapaz ia “pular” uma fogueira com uma moça, quando muito amigos, nunca se concretizava porque os rapaz sempre dizia: “São João disse, e São Pedro assina – você é minha comadre... da cintura pra cima...” acabava em risos e brincadeiras juninas.

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