A minha
bisavó, Antonia Freitas da Silva (1851-1949) me contava que a “ponta de rua”,
hoje bairro, mais velha de Feira era os Olhos D’água. Em 1925 eu nasci ali,
segundo filho de Chico do Morro, operário da Fábrica Leão do Norte.
A lembrança
que tenho, mais antiga da infância é, no
quintal da casa, a minha mãe, muito assustada, me pegando pelo braço e gritando
vamos entrar que os revoltosos estão chegando!!!. Era o ano de 1928 e hoje
sabemos que em 27 os revoltosos já seguiam para Bolívia. Sei que era o ano de
28 porque em 29 meu pai mudou-se para o ABC (hoje Avenida Sampaio) vez que
ficava bem próximo do seu local de trabalho.
As lembranças
seguintes dos Olhos D’agua estão bem acentuadas no apito do trem que vinha
chegando ou saindo, brincar com Pedro. Foi depois dono de “carro de praça, hoje
taxi) quando passou a chamar-se Pedro
Capoteiro. Lembro-me do seu tio, “Cachoeira”, o melhor sanfoneiro de Feira de
Santana, lembro muito da venda de “seu Cazuza” e da chácara da família Santana,
onde sua esposa, D. Zalu nos recebia nos finais de semana. Essa amizade nasceu
da falta de leite materno da minha mãe, que se casara com 15 anos, e foi suprida
por D. Zalu que então amamentava Licinha. Assim tornaram-se comadres e os
filhos “irmãos de leite”. Esta amizade cresceu e o amor os fundiu em uma só
família.
Durante a
minha infância, mesmo morando no ABC, os domingos sempre passávamos na Chácara
de D.Zalu, onde tinha um pequeno campo de futebol e eu, meu irmão, Tuta,
Expedito e tantos outros, improvisávamos dois times (Um de camisa e o outro sem
camisa) e jogávamos até a exaustão.
Ainda na
década de 30 limparam uma área grande que ficava em frente à chácara,
provavelmente terras pertencentes aos Santana, pois mais abaixo, com a frente
para a rua dos Olhos D’agua, morava a tia Lele, e ali o campo tornou-se
atrativo dos times, embora decadentes, jogavam e revelou dois grandes goleiros,
Cristo e Ioiô, com também Tuta que faleceu em 2010 como um dos dirigentes do
atual Fluminense de Feira.
Outra coisa
importante do Bairro, era procura, no centro da cidade, por água de
beber (existia a água de gasto) das fontes (cisternas) dos Olhos D’água; e a
mais procurada era a da fonte de Oto Carteiro, um dos primeiros funcionários
dos Correios e Telégrafos. E a pior, mais salobra era da fonte de Cosme
Carneiro. Já a água de gasto mais barata vinha do Tanque da Nação.
È oportuno
lembrar que a estrada de rodagem Feira-Salvador, construída em 1928, havia
separado os Olhos D’Agua, criando a rua da Rodagem, onde foram construídas
várias chácaras e casas, ainda na década de 20
Já na
década de 40 o Governo começou a
Construção das Usinas de Algodão, que teve como Diretor Geral, por muitos anos,
o Engenheiro Asclepíades Negrito de Barros que em 1952 era o Venerável da Loja
Luz e União, que tinha como membros de destaque João Marinho Falcão, Jónatas
Carvalho entre outros.
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