domingo, 7 de julho de 2013

MINHA PRIMEIRA ESCOLA

Na escola tive muitos colegas: os vizinhos Martins Suzarte, José Fontes, Marum Cunha e o inesquecível Zé Boião, Quiquide (que era gago), entre outros, inclusive meninas; (só as escolas particulares até o quinto ano primário, admitiam mistura de estudantes de sexo diferente). A professora Neném, que era leiga mas eficiente no ensino, exigia o máximo de disciplina, sendo esta condição a que mais pesava no boletim escolar enviado semanalmente aos pais. Para ajudá-la na disciplina e no estudo como um todo, ela contava com a decisiva ajuda de uma régua, uma palmatória e uma interminável série de castigos, (cada vez que ela me castigava e mandava um bilhete para o meu pai falando do meu procedimento, ele me premiava com meia dúzia de bolos), culminando com sabatina feita aos sábados sobre aritmética, a qual despertava o amor próprio de cada aluno, em não querer ser humilhado por um colega ao levar um bolo dele, com palmatória, por responder aquilo que ele não soube. Graças a isso, até hoje as máquinas de calcular são desprezadas por mim. Até aos 70 anos de idade na Cidade de Barra do Mendes, flagrei 2 vezes um supermercado somando valor a mais do que foi comprado, simplesmente somando na cabeça todos os itens que ele somava em uma pequena máquina de calcular. Questionado, ele voltava a somar e confirmava a minha soma mental. Mas continuemos com a escola da professora Neném: naquela época havia a ferrovia, que ficava quase ao fundo da Igreja Matriz, que transportava muito gado vindo outros lugares e o descarregava em curral da própria ferrovia através de um corredor móvel feito de madeira, cuja fragilidade deixava escapar alguns garrotes mais bravos, provocando correrias de vaqueiros bem montados para evitar que os garrotes não escapassem do local e fossem pelas ruas da Cidade; as vezes eles rompiam o cerco e acabavam provocando o corre-corre nas ruas e oferecendo uma distração para quem estava abrigado. Eu e meus colegas tínhamos sempre informações sobre os dias e as horas das chegadas dos trens e lá estávamos para torcer por uma fuga de gado e acompanhar o desenrolar daquilo que considerávamos uma festa. Quando algum amigo da família me identificava naquela perigosa festa, logo levava ao conhecimento do meu pai e este me aplicava meia dúzia de bolos com a sua palmatória. O nosso respeito era tão grande ao severo pai, que ele não se dava ao trabalho de apanhar a palmatória. Mandava-nos apanhá-la, e com ela castigava os filhos. Aquilo nunca me causou qualquer trauma. Ao contrário, agradeço àquela maneira de educar os filhos, inclusive fazendo-os trabalhar desde os doze anos, dando-nos exemplos de honradez e virtudes.

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