quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Lampião esteve em Feira... de passagem

A década de 30 chegou no rastro de muita violência política: Coluna Prestes, Coronelismo com jagunços como força dominante, Cangaceiros multiplicando-se em bandos, Revolução de Getúlio, depois a Revolução de São Paulo (Constituinte), Intentona Comunista, nascimento e morte do facismo (Integralismo), Estado Novo etc. etc.
Mas, na vida corriqueira da Cidade, o dia a dia era alimentado por fatos mais próximos do povo, principalmente por aquela violência praticada por Cangaceiros aqui no Nordeste, especialmente pelo Bando mais temido e mais atuante que era o de Lampião, o qual, desde o ano de 1922, crescia em número de cangaceiros e ousadia nos crimes.
Feira de Santana não sofreu diretamente a ação daqueles criminosos por estar muito próxima da Capital e ser considerada uma Cidade grande. Mas, indiretamente, sofreu muito no seu comércio com as Cidades sertanejas, onde qualquer boato afastava os “cacheiros viajantes” das vendas àquelas localidades. Exceção para a região de Morro do Chapéu que contava com o Cel. Antônio de Souza Benta (homem pacifista porem muito destemido e muito mais amado) com
a sua centena de Jagunços permanentes, Nas Lavras Diamantina que tinha no Chefe Cel. Horácio de Mattos a garantia e o respeito de mais de 300 homens armados, o qual dera prova da sua coragem ao perseguir os revoltosos (Coluna Prestes), sitiar uma cidade adversária por 06 meses e posteriormente ameaçar de invadir Salvador, obrigando o Governador a assinar um acordo. Esses foram apenas excessões, como já dissemos.
Na regra geral todo sertanejo, pobre ou rico, sofria, direta ou indiretamente, a violência dos bandidos, hora nas fileiras do cangaço, ora como voluntário nas “Volantes” comandadas por policiais que se igualavam aos bandidos na violência.
Para quem viveu àquela época não há como aceitar a justificativa que Lampião era “defensor dos pobres”, justiceiro, vítima da injustiça social. Concordo com a escritora Helena Conserva quando ela diz a terra que tem filhos ilustres como Agamenon Magalhães não pode homenagear Lampião. Lampião foi bandido e criminoso. Era temido e nunca amado por todas as classes sociais. E isto ficou provado com os festejos no dia da sua morte.
Dias depois de a Polícia ter cortado as cabeças dos bandidos fuzilados no Angico, Sergipe, passou aqui em Feira de Santana, em 1938, um caminhão pequeno da Polícia transportando soldados que levavam as cabeças de Lampião, Maria Bonita, Azulão e outros; cada cabeça ocupava uma lata de 20 lts (própria de querosene) com uns 10 lts de alcool que conservava a cabeça.
Em um gesto de brutalidade, sadismo e ignorância da época, os soldados pegavam pelos cabelos e levantavam a cabeça degolada e dizia o nome do bandido. E a cada grupo de pessoas que chegava e manifestava o desejo de ver a cabeça de um dos bandidos, a cena era repetida.

2 comentários:

mundo disse...

Muito obrigado pelo o artigo lido.O meu pai e de Feirra De Santana, Como certeza da proxima vez que estiver ai no Brasil,daremos um pulinho na terra do Meu Pai.
Muito obrigado.


rtourinho@sbcglobal.net

Unknown disse...

Cel. Horácio de Mattos herói, Lampião bandido!
Usa-se aí dois pesos e duas medidas ao definir os personagens!
E a ilustre escritora citada é realmente uma escritora, não uma historiadora.

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