domingo, 5 de setembro de 2010

Corisco, o diabo louro

Em 1938 a polícia matou os principais cangaceiros do bando de Lampião, inclusive ele e Maria Bonita. Posteriormente prenderam outros bandidos, alguns se entregaram e outros fugiram.
Estava com uma parte do bando em outra localidade o cangaceiro Corisco, um dos poucos bandidos realmente valente, conhecido e apelidado pelas volantes policiais de “Diabo Louro”. Tendo servido ao Exército, conhecia muito bem o manejo de armas, especialmente o fuzil, com o qual era excelente atirador. Logo que o cangaceiro soube da morte do seu chefe, Lampião, procurou investigar quais foram os traidores e dias depois voltou a Piranhas, Alagoas, onde matou aqueles que ele julgou traidor. Dali fugiu, escondendo-se nos lugares que conhecia e os sabia seguros.
Nos fins do ano de 39 Corisco decidiu abandonar o cangaço e traçou um plano para fugir, via Bom Jesus da Lapa. Assim com roupas simples e chapéu de romeiro, cabelo cortado e usando óculos, Corisco, com Dada e um casal de cangaceiro também vestidos à romeiro, partiram com destino ao Estado de Minas Gerais em seu objetivo. No dia 24 de maio chegavam em Barra do Mendes, Bahia, e, distantes seis quilômetros da Cidade, na Fazenda Pulgas, onde encostaram e pediram arranchamento, sendo atendidos pelo velho José Pacheco e sua mulher Virgilina Rosa de Souza, esta ainda viva com 94 anos. Naquele dia havia falecido D. Eliogéria, moradora da fazenda. Após uma noite de velório na fazenda, no dia seguinte todos os moradores da região vieram acompanhando o enterro até a Cidade de Barra do Mendes.
Depois do sepultamento todos se dirigiram para um boteco perto do cemitério e ali começaram a beber. Um rapaz da cidade, filho de família abastada e acostumado a tomar liberdade com as roceiras do lugar, vendo Dada, bonita e com o corpo bem feito, logo se aproximou, baixou a mão e deu um beliscão na bunda da mulher que ele nem conhecia. A mulher (Dada) lhe dirigiu um olhar de fúria, mas apenas afastou-se para colocar-se ao lado do marido, Corisco, sem nada dizer a ele. Afinal não podiam mostrar suas garras. Ao regressarem do cemitério, todos os cangaceiros se recolheram aos cômodos da casa de farinha, onde estavam arranchados. Nesse momento, chegou o tenente José Rufino com um pequeno caminhão cheio de soldados bem armados. Ali metralharam Corisco e Dada, enquanto o outro cangaceiro conseguiu fugir. Corisco e Dada, ainda vivos foram levados no veículo.
A notícia logo se espalhou e os companheiros do rapaz que dera um beliscão logo foram dizer a ele que a mulher que ele beliscara era Dada, mulher de Corisco. Sem procurar notícias da morte ou não de Corisco, o rapaz fez imediatamente suas malas e partiu para São Paulo, só voltando muitos anos depois.

2 comentários:

LIANDRO ANTIQUES disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
LIANDRO ANTIQUES disse...

Boa Noite meu caro Sr. Antonio, não sei se o Senhor se lembra de mim, mas estive em sua casa com Eduardo Mendonça, e tive o prazer sem par de tê-lo conhecido.
Gostaria de pedir licença para fazer uma pequena observação em seu artigo sobre Corisco;
D. Virgilina não era esposa do Velho Zé Pacheco, mas sim a D. Brasilina Maria da Conceição, D. Virgilina era esposa de Joquim Geraldo e morava distante 3 km da Fazenda Pacheco, em Veneza.Ela faleceu em 2005.
Quanto ao momento da morte de Corisco, só ocorreu no dia seguinte dia 25 de maio depois da feira do Barro Alto (num sábado).D.Leogera, era filha do Fazendeiro Zé Pacheco.
Tomo a liberdade de dize-lhe que muita coisa do que contaram sobre a estada Corisco na Fazenda Pacheco é puro mito. Estou realizando pesquisas e juntando documentos para provar isto.
Espero ter contribuído em algo e ser merecedor de vosso perdão por ter a ousadia de fazer a correção, mas acredito piamente que uma pessoa do seu quilate não tem o mínimo interesse em continuar equivocada com cousas errôneas que com certeza passaram-lhe.
Muito grato e à sua disposição.
Do aprendiz;
Liandro Antiques

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