quinta-feira, 21 de outubro de 2010

A política na Feira de Santana do pós-guerra

Em 1945, após a rendição dos países do eixo, os militares brasileiros depuseram o Presidente Getúlio Vargas, Ditador há 15 anos. Era o Brasil se democratizando. Afinal havia vencido uma guerra em nome da democracia e não seria coerente continuar com um regime antidemocrático.
Getúlio voltou para as suas fazendas no Rio Grande do Sul e os políticos cuidaram de organizar os partidos. Criaram a UDN (União Democrática Nacional), o PSD (Partido Social Democrático), o PTB (Partido Trabalhista Brasileiro) e o PCB (Partido Comunista Brasileiro) além de outros menores. Os dois primeiros eram partidos conservadores, o PTB procurava imitar o trabalhismo britânico, mas no fundo era um partido com fortes bases no populismo, enquanto o Partido Comunista era da estrema esquerda. Foram candidatos o Brigadeiro Eduardo Gomes (UDN), Eurico Gaspar Dutra (PSD/PTB) e Iedo Fiúza (PCB).
Faziam 15 que houvera a última eleição, mesmo assim “a bico de pena”, ou seja, com o voto declarado. Essa seria uma eleição com voto secreto e com total liberdade, como devia ser em uma democracia. E foi liberdade até demais. O PTB tinha dois grandes líderes: Hamilton Cohim (Foi Deputado) e Claudemiro Campos Suzarte ( foi Vereador). Ambos bons oradores e altamente politizados, com a bandeira do getulismo, arrastavam enorme multidão em seus comícios, embora a maioria fosse analfabeta e naquela não se premiava a ignorância; analfabeto não votava. Não votava mais podia subir no palanque e discursar.
Foi assim que alguns discursos entraram para o anedotário político de Feira. Existia aqui um petebista conhecido como Mário Ferro Velho que onde visse um aglomerado de pessoas, mesmo que fosse um enterro, ele subia em uma cadeira e dava o seu recado. Conta-se que um candidato, depois de dizer que Dr. Eduardo Froes da Motta era inimigo dos pobres, nascido em berço de ouro na Mansão da Praça Froes da Motta, perguntou: ele é o que? Rico – responderam todos. E eu que nasci ali, na rua do meio, (antiga rua das meretrizes) sou que ? Filho da Pu.. respondeu a molecada. Outro, em um daqueles povoados que faziam parte do Município, também para demonstrar que ia defender os pobres porque ele era igualmente pobre, contou que em sua casa não tinha mesa nem cadeiras, sua cama era de varas, seu remédio era chá de folhas, e arrematou dizendo que agora os ricos tinham inventado até colchão de molas para dormir no macio, enquanto os pobres iam continuar dormindo em cama de vara dura.

Nenhum comentário:

Postar um comentário